Mineração amplia contribuição para saldo positivo da balança comercial de 41% para 53% no 1º semestre
05/08/25
Faturamento, recolhimento de tributos e geração de empregos na indústria da mineração crescem no 1º semestre. Dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) e referem-se ao período janeiro a junho deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Com tarifaço dos EUA, 24,4% das exportações de minérios serão diretamente afetadas, avalia o IBRAM.
Com exportações minerais de US$ 20 bilhões (192,5 milhões de toneladas) e importações de US$ 4 bilhões (19,9 milhões de toneladas), o comércio exterior de minérios gerou superávit de US$ 16 bilhões de janeiro a junho (1º semestre de 2025 – 1S25), o equivalente a 53% do saldo total da balança comercial brasileira (US$ 30,09 bilhões). No 1S24, a participação havia sido de 41%. No 1S25 a indústria da mineração registrou alta no faturamento, no recolhimento de tributos (ambos cresceram 7,5%) e na geração de empregos com mais 5.085 vagas criadas no período, totalizando 226 mil empregos diretos. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM).
Manter o saldo mineral positivo é crucial para amortecer choques externos e preservar divisas em meio a tensões comerciais. O superávit de minérios reduz a vulnerabilidade externa, sustenta o câmbio e ajuda a preservar o saldo agregado:
Exportações minerais (US$): 20 bi (-6,5%) no 1S25 ante 21,46 bi no 1S24.
Importações minerais (US$): 4,06 bi (-5,3%) no 1S25 ante 4,29 bi no 1S24.
Saldo mineral (US$): 16,01 bi (-6,78%) no 1S25 ante 17,17 bi no 1S24.
Acesse a íntegra dos dados no site do IBRAM.
Tarifas dos EUA a partir de 6 de agosto: risco e necessidade de diversificação
A manutenção do desempenho crucial do comércio exterior de minérios se vê ameaçada pelas medidas tarifárias (‘tarifaço’), anunciadas pelos EUA para valerem a partir de 6 de agosto (+ 40% de taxas comerciais), já que afetam parte das vendas externas de minérios. Isso restringe o potencial de exportação e reforça a urgência de diversificar mercados e produtos, além de ampliar a produção interna de forma responsável, sustentável e segura, alerta o IBRAM.
Exportações de minérios para os EUA e o que será/não será impactado pelo tarifaço
O diretor-presidente do IBRAM, Raul Jungmann, ao lado do diretor de Assuntos Minerários, Julio Nery, conduziu a apresentação dos dados em entrevista coletiva à imprensa brasileira e estrangeira. Jungmann apresentou lista dos minérios impactados pelo tarifaço e os que não sofrerão a sobretaxa, segundo dados oficiais de 2024:
Exportações impactadas pelas novas tarifas (24,4% das exportações de minérios): sobretudo pedras/rochas ornamentais (19,4%), além de caulim (1,2%), pentóxido de vanádio (1,0%), alumínio (0,3%), cobre (0,009%) e manganês (0,007%).
Exportações não impactadas (75,6% das exportações de minérios): outras pedras/rochas ornamentais (27,1%), ferro (25,7%), ouro semimanufaturado (12,2%), nióbio (10,6%).
Perfil atual de vendas aos EUA
Cerca de 4% das exportações de minérios do Brasil seguem anualmente para os EUA. No 1S25, o IBRAM mostra, com base em dados oficiais, que os EUA concentraram 57,6% do valor, em dólar, das exportações brasileiras de pedras/rochas ornamentais, além de relevância em vanádio (34,1% em dólar) e nióbio (8,1% em dólar); 5% em caulim; 3% em ouro semimanufaturado; em ferro, a participação é baixa (1,8% do valor). No 1S24, os padrões foram semelhantes, com algumas oscilações por item. Em relação às importações de minérios dos EUA pelo Brasil, elas totalizam cerca de 20%.
Preocupação do setor: evitar reciprocidade tarifária
Uma preocupação das mineradoras é a possibilidade de sobretaxas de reciprocidade nas importações vindas dos EUA, com efeito colateral sobre máquinas e equipamentos de grande porte – caminhões >100 t, escavadeiras, carregadeiras, moinhos etc., importados em grande parte dos EUA. A estimativa setorial indica elevação de custos da ordem de US$ 1 bilhão/ano, o que reduziria competitividade e poderia postergar projetos, estima o IBRAM.
Produção, exportação, faturamento e reservas de minerais críticos e estratégicos
Segundo o IBRAM, o faturamento com minerais críticos no 1S25 foi de R$ 21,6 bilhões, 41,6% de aumento em relação ao 1S24 (R$ 15,2 bilhões). As exportações de minerais críticos totalizaram U$S 3,64 bilhões (+5,2%), correspondente a 3,58 milhões de toneladas. A previsão é de investimentos de US$ 18,45 bilhões até 2029 para a produção de minerais críticos. O IBRAM alerta que o Brasil precisa tomar providências, como aprovar política pública, para expandir a produção mineral, em especial, dos minerais críticos e estratégicos (MCEs) para diversas finalidades, como a transição energética; para tecnologias como baterias de veículos elétricos (lítio, níquel), para fabricar ímãs de alta performance (terras raras) e ligas avançadas (nióbio).
Por serem alvos de interesse prioritário de muitas nações, os MCEs constituem vantagem competitiva para o Brasil atrair parceiros comerciais e investidores internacionais para implantar cadeias produtivas, inclusive, para agregar valor aos minérios, via processamento industrial.
O Brasil figura entre os líderes globais em reservas e em produção de diversos minerais críticos e estratégicos (em ordem alfabética) – bauxita/alumínio (4º em reservas e em produção); chumbo (10º em reservas e 37º em produção); cromo (6º em reservas e 7º em produção); grafita (2º em reservas e 4º em produção); lítio (7º em reservas e 5º em produção); nióbio (1º em reservas e em produção); níquel (3º em reservas e 8º em produção); terras raras (2º em reservas e 11º em produção); titânio (4º em reservas e 16º em produção); vanádio (4º em reservas e 5º em produção); zinco (12º em reservas e 14º em produção).
DEMAIS INDICADORES DO 1º SEMESTRE DE 2025
Dados referentes a janeiro – junho/2025
Faturamento total, por minério e por estado
Ouro apresenta salto de 80% no faturamento; Bahia é destaque em alta de faturamento:
Faturamento do setor: R$ 139,2 bi (+7,5% vs. R$ 129,5 bi no 1S24).
Por substância (R$): minério de ferro R$ 73,5 bi (-8,2%), o equivalente a 52,8% do faturamento do setor; ouro R$ 17,6 bi (+80%); cobre R$ 14,6 bi (+63,2%); bauxita R$ 3,2 bi (+21,3%).
Participação no faturamento (1S25): minério de ferro 52,8%, ouro 12,6%, cobre 10,5%.
Por estado (participação 1S25): MG 39,7%, PA 34,6%, BA 4,8%. Variação 1S25 vs. 1S24: MG +0,9 pontos percentuais (p.p.), PA +8,0 p.p., BA +32,6 p.p.
Preços internacionais / exportações:
- Minério de ferro, principal substância mineral exportada pelo Brasil: média semestral -13,9% vs. 1S24; ouro: +39,3%, fator que ajuda a explicar o ganho de receita por substância. Ouro tem alta de 60,2% nas exportações em dólar, devido principalmente ao preço da commodity, e tem alta de 17,9% nas exportações em toneladas.
- Foram exportadas cerca de 192,5 milhões de toneladas de produtos do setor mineral (aumento de 3,7% em relação ao 1S24, em toneladas), totalizando cerca de US$ 20 bilhões (queda de 6,5% em dólar).
- O minério de ferro foi responsável por 63% das exportações, mas observou recuo de 17,4% em US$ no 1S25 na comparação com o 1S24, em razão do comportamento do preço deste produto. As exportações desse minério totalizaram US$ 12,7 bilhões no 1S25, com a venda de 185,9 milhões de toneladas (+3,8%).
- As exportações de cobre totalizaram US$ 2,1 bilhões, aumento de 14,4% em relação ao 1S24.
- As de nióbio somaram US$ 1,23 bilhões, aumento de 7%.
- As exportações de manganês totalizaram US$ 56 milhões, aumento de 102,4%.
- As exportações de pedras e revestimentos totalizaram US$ 739 milhões, aumento de 23,8%.
- Houve queda de 11% para vendas externas de bauxita; 2,3% de caulim, entre outros minérios.
Importações
- O Brasil importou cerca de US$ 2 bilhões em potássio (+6,6%) e US$ 238 milhões em enxofre (+106,7%). E reduziu compras de carvão (-25,3%); rocha fosfática (-23,3%), entre outros minérios.
Tributos e CFEM
- Tributos e encargos totais recolhidos pela mineração (1S25): R$ 48 bi (+7,5%) em relação ao 1S24.
- CFEM (1S25): R$ 3,7 bi (+1,4%); ferro responde por 69,4% da CFEM; MG e PA recolhem 45,3% e 39,2%, respectivamente.
- Empregos diretos:067; variação +5.085 vagas de janeiro a junho (fonte Novo Caged).
- Investimentos:
- Total 2025–2029: US$ 68,4 bi (+6,6% vs. US$ 64,15 bi projetados para o período anterior 2024-2028).
- Destaques dos investimentos 2025–2029: minério de ferro 28,7% do total, socioambientais 16,6%, logística 15,9%, cobre 10,7%; fertilizantes +8,2%; terras raras: +49%.