IBRAM reúne-se com Vice-Presidente Geraldo Alckmin para avaliar riscos de o Brasil estabelecer reciprocidade tarifária
18/07/25
Uma eventual reação brasileira poderá elevar muito os preços de equipamentos importados dos EUA, essenciais para a mineração nacional, avalia o Instituto. No dia 21/7 Alckmin se reunirá virtualmente com mineradoras associadas ao IBRAM para aprofundar a análise sobre a situação.
O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) está solidário com os esforços do governo e da iniciativa privada em buscar negociações com o governo norte-americano, a fim de prorrogar e até reverter a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA, que irão vigorar a partir de 1º de agosto. O IBRAM defende uma negociação diplomática, mas firme, com os EUA, de modo a evitar a reciprocidade tarifária, o que causaria mais dificuldades à mineração do Brasil.
Foi o que disse Raul Jungmann, diretor-presidente do IBRAM, em audiência, em Brasília, com o Vice-Presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckimin. Ele e o vice-presidente do IBRAM, Fernando Azevedo, apresentaram, nesta 6ª feira (18/7), a avaliação do setor mineral sobre os esperados impactos do chamado tarifaço.
Segundo Jungmann, o Brasil precisa “tratar esta questão diplomaticamente, com firmeza, mas, sobretudo, procurando negociar saídas para o setor mineral”. Uma possível retaliação brasileira, que é um ponto de preocupação para as mineradoras, são as ações de reciprocidade, com taxação de importação de máquinas, que atingiria a aquisição de equipamentos de maior porte, tais como caminhões acima de 100 toneladas de capacidade de carga, escavadeiras e carregadeiras para estes caminhões, moinhos e outros equipamentos de grandes dimensões, com elevação de custos da ordem de US$ 1 bilhão por ano.

Representantes do IBRAM se reúnem com Vice-Presidente Geraldo Alckmin para avaliar riscos de o Brasil estabelecer reciprocidade tarifária – crédito: Júlio César Silva/MDIC
Risco para balança comercial – Outro item a ser observado é que o tarifaço pode influenciar o comportamento da balança comercial brasileira, que impacta toda a economia, uma vez que o saldo entre importações e exportações de minérios (saldo mineral de US$ 34,95 bilhões) responde por expressivos 47% do saldo comercial total do Brasil (salto total US$ 74,55 bilhões), conforme dados de 2024.
Geraldo Alckmin disse que pretende negociar com os EUA ao menos uma extensão do prazo para a entrada em vigor do tarifaço e, diante do posicionamento apresentado por Raul Jungmann e Fernando Azevedo, decidiu aceitar convite dos dois dirigentes empresariais se reunir online com mineradoras associadas ao IBRAM – responsáveis por mais de 85% da produção mineral – na próxima 2ª feira (21/7).
Segundo Fernando Azevedo, o encontro servirá para aprofundar a análise da situação em conjunto com a iniciativa privada sobre os impactos esperados do tarifaço na indústria da mineração. “O setor mineral brasileiro é parceiro global em uma economia justa e aberta, e espera que as relações comerciais sejam baseadas na previsibilidade, no diálogo e no respeito mútuo”, diz Azevedo.
Minério exportados para os EUA
Os principais produtos minerais exportados pelo Brasil aos EUA são as pedras ornamentais, com US$ 711 milhões (46,5% das exportações para os EUA), minério de ferro (25,7%), ouro semimanufaturado (25,7%) e nióbio (10,6%). Estes serão os produtos mais impactados.
Na audiência, Raul Jungmann e Fernando Azevedo entregaram a Alckmin documentos com informações, estatísticas e análises técnicas que apresentam um amplo panorama da indústria da mineração brasileira (faturamento, investimentos, tributos arrecadados, empregos, exportações etc.) e a situação da corrente de comércio de minérios entre Brasil e EUA.
Segundo Raul Jungmann, “os valores de exportação e importação de minérios na corrente de comércio Brasil-EUA reforçam que há um saldo positivo para os Estados Unidos nesta balança, com importação no valor de US$ 1,58 bilhão, com a exportação de US$ 1,52 bilhão, resultando em um saldo positivo para os EUA”.
Em 2024 foram 4 milhões de toneladas de minérios exportadas para os EUA, equivalente a 3,5% das exportações minerais brasileiras. De acordo com os dados apresentados pelo IBRAM, as importações de minerais pelo Brasil em 2024 foram provenientes principalmente dos Estados Unidos, com 19,8% do total, seguido pela Rússia, com 16%, Austrália com 13,3% e Canadá com 12,2%.
Exportações de minérios brasileiros e importações – Em 2024, foram cerca de 400 milhões de toneladas de produtos do setor mineral exportados pelo Brasil para vários países (aumento de 2,6% em relação a 2023), totalizando cerca de US$ 43,4 bilhões (aumento de 0,9%). O minério de ferro foi responsável por 68,7% das exportações. A China foi o principal destino das exportações minerais brasileiras em 2024: para esse país foram destinadas 69,7% das exportações em toneladas. No ano passado, as importações minerais caíram 23,1% em US$ (totalizando US$ 8,5 bilhões) e 1,6% em toneladas (totalizando 41,2 milhões de toneladas).