9ª Conferência Latino-Americana sobre Segurança de Processos destaca a importância da cultura de segurança nas empresas
20/10/22
O 2º dia da 9ª Conferência Latino-Americana sobre Segurança de Processos (19/10) foi marcado por uma apresentação da companhia Brasken e por um painel de discussões sobre o tema Tecnologias emergentes e os desafios dos processos de segurança. O encontro internacional é co-organizad pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) e Center for Chemical Process Safety (CCPS). Faz parte de um esforço mundial para evitar acidentes graves por meio de aprendizado e melhoria contínua da prática de segurança de processos.
No 1º dia, Julio Nery, diretor de Sustentabilidade e Assuntos Regulatórios do IBRAM, foi um dos participantes e falou sobre a segurança de processos no setor mineral. O evento tem o patrocínio diamante da Vale, Petrobras e Braskem e será encerrado neste dia 20 a partir das 15h. Raul Jungmann, diretor-presidente do IBRAM, fará pronunciamento na solenidade de encerramento, assim como representantes do CCPS e da Vale.Acesse mais informações sobre o evento neste link.
Palestra sobre a cultura de segurança nas empresas
A manhã do 2º dia da Conferência trouxe ao público a apresentação do diretor industrial da Braskem, Gilfranque Leite, que destacou a importância da cultura de segurança nas empresas para que os programas de segurança de processos funcionem de forma adequada. O engenheiro químico comentou que a Braskem é uma empresa que cresceu por meio da aquisição e fusão de mais de 15 companhias e que a diversidade formou o que é hoje a Braskem.
– “Essa pluralidade cultural e diferentes formas de pensar e agir, configurou uma camada de dificuldade em relação à segurança de processos”.
Em seguida, Leite listou três pilares que compõem o sistema integrado de gestão industrial da instituição: segurança, qualidade e efetividade industrial. É no primeiro pilar que são estabelecidos os indicadores de saúde, que permitem que o mercado saiba onde se quer chegar. O segundo pilar contempla a Área de Gestão Pública e Socioambiental (AGS) e reúne 15 elementos, com o gerenciamento de segurança de processos sendo um deles.
Em cada um destes elementos, existem os padrões globais que são desdobrados para todas as unidades da empresa, e é por esta direção que se busca avançar na prática para uniformizar as culturas da equipe. O terceiro e último pilar é o da efetividade industrial, que contempla uma série de 15 elementos referentes ao gerenciamento da implantação, e cada um destes elementos apresentam padrões globais que se desdobram para todas as unidades operacionais.
Sobre o tópico confiabilidade humana, Leite enfatizou: “No começo, a gente tinha muito foco em acidentes pessoais. Com o passar do tempo, fomos evoluindo nessa forma de pensar. Quando falamos em confiabilidade humana baseada em risco, quando uma pessoa vai ao campo fazer alguma operação de segurança de processo, pensamos em qual equipamento, qual ferramenta, como ele vai movimentar a carga, quem está monitorando… tudo isso é importante, mas, se algo der errado, você tem uma pessoa exposta e a consequência será vista imediatamente. Se a manutenção não for bem executada e esse elemento falhar lá na frente, o dano pode ser muito maior e afetar mais do que uma pessoa”, explicou.
No encerramento da palestra, vislumbrou a atuação da empresa: “Queremos criar um ambiente de trabalho que seja sustentável e livre de acidentes por meio de confiabilidade humana e outros aspectos. Temos uma porção de desafios adiante, mas acreditamos que como indústria estamos no caminho certo. Conhecimento, tecnologia e inovação serão sempre nossas bases”, finalizou.
Painel de discussão
A segunda atividade da manhã foi um painel de discussão moderado pelo Diretor Sênior do Center for Chemical Process Safety (CCPS), Anil Gokhale com o tema Tecnologias emergentes e os desafios dos processos de segurança. Os painelistas foram Vivian Passos de Souza, engenheira química e PhD em Engenharia de Processamento pela Petrobras, Geovane Consul, CEO da BP Bunge Bioenergia e Alyse Keller, consultora de engenharia de segurança de processos pela AcuTech Group, Inc.
A conversa, conduzida por Gokhale, trouxe à tona todas as oportunidades e iniciativas que surgiram na área de segurança de processos e os desafios enfrentados como a migração de combustíveis fósseis para sustentáveis e sua conexão com as novas tecnologias, envolvendo robótica e drones. E ainda, como as indústrias estão se adaptando para esse futuro.
Vivian de Souza disse que, na Petrobras, a segurança de processos é considerada um valor transversal porque todas as disciplinas que estão intrinsecamente ligadas à segurança de processos já estão totalmente incorporadas às operações da empresa e que a tecnologia embarcada permite uma geração de dados adicional ao mesmo tempo em que reduz a exposição do homem ao risco.
O segundo painelista foi Geovane Consul, CEO da BP Bunge Bioenergia. Consul destacou a revolução vivida na área de biocombustíveis derivados de demandas de sustentabilidade e como o Brasil está na fronteira do desenvolvimento de tecnologia e conhecimento na área de combustíveis renováveis. “O mercado global de etanol – e sempre foi um sonho tornar o etanol uma commodity global – é uma realidade cada vez maior. Etanol é um dos combustíveis com a maior razão entre hidrogênio e carbono no mundo, e o etanol de cana é um dos mais eficientes. A cana é o segundo vegetal no planeta capaz de fixar a energia do sol”, elucidou.
A última painelista foi Alyse Keller, consultora de engenharia de segurança de processos pela AcuTech Group, Inc. Keller resumiu o objetivo de seu trabalho: “Ajudar a indústria e a sociedade a fornecer energia e comunicar os benefícios desses hábitos energéticos de forma sustentável, além de realmente engajar novas e diferentes gerações. Meu foco é a importância da colaboração no compartilhamento de conhecimento, bem como a percepção e os desafios das oportunidades que temos na indústria”.